Do que um homem é capaz
As coisas que ele faz
P'ra chegar aonde quer
E capaz de dar a vida
P'ra levar de vencida
Uma razao de viver
A vida é como uma estrada
Que vai sendo traçada
Sem nunca arrepiar caminho
E quem pensa estar parado
Vai no sentido errado
A caminhar sozinho
Vejo gente cuja vida
Vai sendo consumida
Por miragens de poder
Agarrados a alguns ossos
No meio dos destroços
Do que nunca vao fazer
Vao poluindo o percurso
Co'as sobras do discurso
Que lhes serviu pr'abrir caminho
A custa das nossas utopias
Usurpam regalias
P'ra consumir sozinho
Com politicas concretas
Impoem essas metas
Que nos entram casa dentro
Como a Trilateral
Co'a treta liberal
E as virtudes do centro
No lugar da consciência
A lei da concurrência
Pisando tudo p'lo caminho
P'ra castrar a juventude
Mascaram de virtude
O querer vencer sozinho
Ficam cinicos, brutais
Descendo cada vez mais
P'ra subir cada vez menos
Quanto mais o mal se expande
Mais acham que ser grande
E lixar os mais pequenos
Quem escolhe ser assim
Quando chegar ao fim
Vai ver que errou o seu caminho
Quando a vida é hipotecada
No fim nao sobra nada
E acaba-se sozinho
Mesmo sendo os poderosos
Tao fracos e gulosos
Que precisam do poder
Mesmo havendo tanta gente
P'ra quem é indif'rente
Passar a vida a morrer
Ha principios e valores
Ha sonhos e ha amores
Que sempre irao abrir caminho
E quem viver abraçado
A vida que ha ao lado
Nao vai morrer sozinho
E quem morrer abraçado
A vida que ha ao lado
Nao vai viver sozinho.
Letra e musica: José Mario Branco
in Resistir é vencer, 2004
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