14 déc. 2006

Alfarrobeira vota pelo SIM!

Movimento VOTO SIM

Oito anos após a realização do Referendo sobre a despenalização do aborto a
sociedade portuguesa vai voltar a pronunciar-se sobre uma matéria que é
transversal e sobre a qual o nosso País tem uma legislação restritiva
comparando com os outros países da Europa, sendo um país, para além da
Irlanda, Malta e Polónia, que leva mulheres a Tribunal por terem interrompido
uma gravidez, sujeitando-as a uma pena que pode ir até 3 anos de prisão.
Os julgamentos da Maia, Aveiro, Setúbal e Lisboa são exemplos dos efeitos da
actual Lei: não evita o aborto e muito menos o aborto clandestino, humilha,
penaliza e perpetua a exploração das mulheres, sobretudo as mais pobres.
A pergunta que vai ser colocada a referendo é a seguinte:
“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se
realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em
estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”
Nesta pergunta estão colocadas três questões essenciais:
- a despenalização, que determina o fim da pena de prisão de 3 anos ou de
outra pena para a mulher que abortou, logo no início da gravidez;
- o fim do aborto clandestino, garantindo a sua realização em condições de
segurança nos estabelecimentos de saúde;
- e o respeito pela mulher que tomou a decisão, sempre difícil, de interromper a
gravidez nos casos previstos na Lei
A resposta a esta pergunta só pode ser SIM, em nome da dignidade das
mulheres, em nome da saúde pública.
As cidadãs e os cidadãos abaixo-assinados, defendendo a dignidade das
mulheres e a alteração da actual Lei, apelam à participação das portuguesas e
portugueses neste Referendo.

In www.esquerda.net

13 déc. 2006

L'esprit d'Allende est vivant

Chile libre!


Fui obrigado a tirar o video precedente... Havera censura na net?

Férias!

Boas festas para todos...

Vou estar ausente, regresso para saudar os meus em Portugal...

O blogue vai estar parado durante algum tempo.

Quero também pedir desculpa, pelo mau português aqui escrito.

Nao consigo encontrar os acentos no teclado!...

9 déc. 2006

Gibraltar

Abd Al Malik 2006

Sarkoland




























Ils ressurgissent des ruines de nos actes
Il faut s'attendre au pire
On a souillé vos sols, souillé vos âmes
craché sur nos paroles données
à des femmes à des hommes
qui étaient nos égaux et avaient pour défaut
parler une autre langue, prier un autre dieu
païens, martyrs réinvestissent nos cieux

La France on l'aime ou on la quitte?
reste un problème, nous ne sommes pas quittes
La France tu l'aimes ou tu la quittes?
reste un problème, nous ne sommes pas quittes

Terre d'accueil et policée
peaux d'exil, d'argile ou métissées
"J'ai pas cherché à v'nir, car on est venu me chercher
alors dis-moi pourquoi la France je devrais la quitter?"
On marseillaise le droit au sol
on discrimine, on positive
la peur remplace le pétrole
chez l'électeur, la haine se ravive

La France on l'aime ou on la quitte?
Reste un problème, nous ne sommes pas quittes
La France on l'aime ou on la quitte?
Reste un problème, nous ne sommes pas quittes
La France tu l'aimes ou tu la quittes
A quoi sert de partir, c'est là où j'habite
La France on l'aime ou on la quitte
reste un problème

Elle roule ta peine tumultueuse
vers mon immensité boueuse
la douceur avariée de ma terre promise
est juste le fruit de ton identité soumise

La France on l'aime ou on la quitte?
Reste un problème, nous ne sommes pas quittes
La France on l'aime ou on la quitte?
Reste un problème, nous ne sommes pas quittes
La France tu l'aimes ou tu la quittes
A quoi sert de partir, c'est là où j'habite

La France on l'aime ou on la quitte?
Sarko t'as plus ta tête, c'est là où j'habite
La France on l'aime ou on la quitte?
T'as perdu tes papiers, c'est là où je suis né
La France on l'aime.

TRUST, Campagne 2006, in Soulagez-vous dans les urnes, 2006

6 déc. 2006

Référendum sur l'avortement au Portugal

A verdade nua e crua

O Presidente da República marcou para 11 de Fevereiro o referendo sobre a IVG, apelando aos participantes na campanha para que procurem “um debate sério, informativo e esclarecedor para todos aqueles que irão ser chamados a decidir uma matéria tão sensível como esta”.

A primeira condição para um debate sério e esclarecedor é partir da realidade concreta da sociedade portuguesa que, em matéria de aborto clandestino como noutras, nos coloca na cauda da Europa. Tod@s podemos invocar os mais variados conceitos filosóficos, éticos e/ou religiosos (ou ainda a ausência deles) para sustentar o SIM ou o NÃO. Mas uma teoria que não se sustenta na experiência prática não passa de especulação, livre mas infecunda. E é sobre a realidade nua e crua da sociedade portuguesa, neste início do século XXI, que faz todo o sentido colocar aos cidadãos a seguinte pergunta: “Concorda com a despenalização da IVG se realizada por opção da mulher, nas primeiras dez semanas de gravidez, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”.

E qual é a realidade portuguesa em matéria de aborto? Todos os anos vão parar ao hospital mais de mil mulheres devido a complicações resultantes de abortos feitos clandestinamente, por curiosos ou mesmo pelas próprias mulheres, em desespero de causa. Algumas morrem, muitas sofrem lesões irreversíveis que as impedem de ser mães para o resto da vida. Outras ainda são conduzidas à barra dos tribunais, juntando esta humilhação ao sofrimento do corpo e do espírito que as marcará para sempre. Lembram-se que, no referendo de 1998, os partidários do NÃO garantiam que não haveria mais julgamentos de mulheres vítimas de aborto clandestino? É o que se tem visto…

O aborto é, evidentemente, um último recurso numa situação desesperada. Por isso mesmo, a sua prática não deve constituir mais um castigo ou uma vergonha para a mulher. Não é, evidentemente, um método alternativo de planeamento familiar. Mas, apesar de todas as campanhas de prevenção e mesmo com o recurso à pílula do dia seguinte há sempre, estatisticamente, milhares de mulheres obrigadas a recorrer ao aborto, pelas mais variadas razões. Esta é a verdade nua e crua e não vale a pena enterrar a cabeça na areia. Cabe aqui recordar outra promessa de 1998 – um investimento sério no planeamento familiar – furada, por exemplo por Bagão Félix que, uma vez no governo, tudo fez para travar uma educação sexual saudável e descomplexada nas escolas.

Um argumento habitual do NÃO é que uma decisão de tal gravidade não pode depender unicamente da vontade da mulher, devendo envolver o seu marido ou namorado. É desejável que isso aconteça. O problema é que, em muitos casos, já não há parceiro: ou porque este fugiu ás responsabilidades; ou porque a mulher, por razões do seu foro íntimo, entendeu não lhe comunicar que está grávida; ou ainda em situações mais graves, como a violação. Nestes casos (que estão entre as principais causas de aborto), onde está o parceiro? Infelizmente, é em profunda solidão que muitas mulheres são obrigadas a decidir.

E é por isso que elas devem dispor de todo o apoio médico e psicológico, em estabelecimento legal de saúde, onde ninguém chega e faz um aborto sem passar por uma consulta. Neste processo, com a devida informação, é possível até que algumas destas mulheres ou adolescentes mudem de ideias e descortinem alternativas que lhes permitam assumir a maternidade. Pelo contrário, se for à curiosa ou à clínica de luxo, num bairro fino, o aborto é para já! Desde que pague… E até pode lá encontrar um desses hipócritas que se declara objector de consciência à IVG… mas apenas no SNS, tentando sobrepor um qualquer corporativismo aos direitos de cidadania e à saúde das mulheres.

No debate que agora se (re) inicia, iremos assistir à invocação casuística da ciência, numa mistura perversa com a religião. Convirá recordar Galileu – “no entanto, ela move-se”, as rodas dos conventos, a condenação do preservativo e da pílula do dia seguinte. Os diversos “ayatollahs” são livres de pregar aos fiéis mas, por favor, não nos obriguem a viver numa sociedade confessional. Parece que o fundamentalismo não está só na Turquia nem do outro lado do Mediterrâneo. É que se o SIM vencer no referendo de 11 de Fevereiro, como estou convicto, ninguém fica obrigado a violar os seus conceitos éticos ou religiosos. Será apenas o triunfo do direito à livre escolha.

O debate ainda está no princípio, mas é importante colocar em cima da mesa a verdade nua e crua, pondo de lado toda a hipocrisia.

Alberto Matos – Crónica semanal na Rádio Pax – 05/12/2006

La course à la candidature est rude!


Tous les coups sont permis...

Les Verts se verront-ils détroussés par Hulot?

Où est la candidature unitaire à la gauche de la gauche?

A qui la faute, et pourquoi nous ont-ils fait ça, après la victoire du NON contre le projet ultralibéral pour une Constitution Européenne?

Malik Oussekine

Il y a vingt ans, j'avais 20 ans. On était en 1986...
Il y a vingt ans mourrait Malik Oussekine, bastonné à mort rue Monsieur Le Prince, dans le VIème, à Paris, par une Brigade de "voltigeurs" des CRS.
On était au coeur des manifs étudiantes contre la loi Devaquet.
On découvrait le plaisir excitant et l'euphorie de la contestation face au pouvoir en place.
Malik n'avait rien fait, il ne participait pas à la manif, il passait là, par hasard...
En Province, on manifestait aussi, certains étaient montés à Paris, ce 6 décembre 1986.
Moi, j'étais resté dans ma banlieue.
Et là, on a découvert que la politique n'est pas un jeu, même pour ceux qui passent là par hasard.
Et que le pouvoir peut tuer sa jeunesse...
Aujourd'hui, Bertrand Delanoë a dévoilé une plaque à la mémoire de Malik.
N'est-ce pas un peu tard, et la répression anti-jeunes ne mérite-t-elle pas que plus de voix se fassent entendre à gauche, pour la dénoncer?

2 déc. 2006

Liberdade

Viemos com o peso do passado e da semente
esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera so se estanca na torrente
e a sede de uma espera so se estanca na torrente

Vivemos tantos anos a falar pela calada
so se pode querer tudo quando nao se teve nada
so se quer a vida cheia quem teve a vida parada
so se quer a vida cheia quem teve a vida parada

So ha liberdade a sério quando houver
a paz o pao
habitaçao
saude educaçao
so ha liberdade a sério quando houver
liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir

Sérgio Godinho, in Rivolitz, 1998

A minha lingua



A minha lingua
Sabe a terra
Com laivos de mar
Irradia da Peninsula
E favela
Sabe a China e a Timor
Oriental.
Tem a cor mesclada da pele
Declina todas as estaçoes do Tempo
E Sul a agarrar no Norte
E Norte a Sul do Tempo.

A minha LINGUA... sente-la?

E corda de guitarra
A gemer em Coimbra
Voz de saudade a transbordar
Da Alfama
Mulher que se vê ao espelho
Na morna
E estremece ao som
Do batuque e do Samba.

Virgem que se desflora
Nas vinhas
E cruz que se planta na savana
A minha LINGUA
E trasmontana
Que sobressalta ao som
do swahili.

E grito de mulher
A dar à luz em Goa
E berro de criança
A brincar em Dili.

A minha LINGUA
E a de Camoes e Virgilio
Mia Couto e Teobaldo
Virginio
Vinicius e Gedeao
E a do poeta que canta
Ha sempre alguém que resiste
Ha sempre alguém que diz nao.

A minha LINGUA é arquipélago
E continente
Fusao dos hemisférios
Sonho adjacente

E dessa LINGUA
Que vejo o mar
O mar que a levou ao mundo
E me ensinou
A sussurrar
Os segredos que o mundo
Deu à minha LINGUA
Para ela devolver ao mar.

E onde quer que me encontre
Ponto cardeal, eixo, fuso,
Horizonte
E em português que ouço
O grito dos passaros
O murmurio da fonte
O apelo dos barcos
O sonho alucinante da noite.

Cristina Semblano, in A minha LINGUA,Editions Lusophones