Un lieu de résistance à la marchandisation du monde et d'immenses saudades de l'Algarve
2 déc. 2006
A minha lingua
A minha lingua
Sabe a terra
Com laivos de mar
Irradia da Peninsula
E favela
Sabe a China e a Timor
Oriental.
Tem a cor mesclada da pele
Declina todas as estaçoes do Tempo
E Sul a agarrar no Norte
E Norte a Sul do Tempo.
A minha LINGUA... sente-la?
E corda de guitarra
A gemer em Coimbra
Voz de saudade a transbordar
Da Alfama
Mulher que se vê ao espelho
Na morna
E estremece ao som
Do batuque e do Samba.
Virgem que se desflora
Nas vinhas
E cruz que se planta na savana
A minha LINGUA
E trasmontana
Que sobressalta ao som
do swahili.
E grito de mulher
A dar à luz em Goa
E berro de criança
A brincar em Dili.
A minha LINGUA
E a de Camoes e Virgilio
Mia Couto e Teobaldo
Virginio
Vinicius e Gedeao
E a do poeta que canta
Ha sempre alguém que resiste
Ha sempre alguém que diz nao.
A minha LINGUA é arquipélago
E continente
Fusao dos hemisférios
Sonho adjacente
E dessa LINGUA
Que vejo o mar
O mar que a levou ao mundo
E me ensinou
A sussurrar
Os segredos que o mundo
Deu à minha LINGUA
Para ela devolver ao mar.
E onde quer que me encontre
Ponto cardeal, eixo, fuso,
Horizonte
E em português que ouço
O grito dos passaros
O murmurio da fonte
O apelo dos barcos
O sonho alucinante da noite.
Cristina Semblano, in A minha LINGUA,Editions Lusophones
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